Manuel

Ele há feridas que matam a esperança
em linha reta,
que eu teimo em esquecer.

Eu fui à guerra.
E em tempos de lembrança
carrego a ferida de ver o céu arder.

Que truques vi fazer
para roubar a paz e confiança
a gente pequenina.

Que fartura de tempo eu vi dispor
de quem sente infetado
por gente que é diferente.

Que vontade louca eu sinto cá por dentro
de amarrotar o sol que eu vejo arder,
deitar janela fora o céu que creio.

Bem quis vendar os olhos.
Promessa estéril, ingénua, pueril
de não mais  arranhar o coração.

Mas nada do que sou, eu vou deixar de ser.
Vou pôr janela fora o céu que eu vi arder.

 

Assinatura do autor Manuel Paulo