José Carlos Ary dos Santos

Poeta é certo mas de cetineta 
fulgurante de mais para alguns olhos 
bom artesão na arte da proveta 
marciso de lombardas e repolhos. 

Cozido à portuguesa mais as carnes 
suculentas da auto-importância 
com toicinho e talento ambas partes 
do meu caldo entornado na infância. 

Nos olhos uma folha de hortelã 
que é verde como a esperança que amanhã 
amanheça de vez a desventura. 

Poeta de combate disparate 
palavrão de machão no escaparate 
porém morrendo aos poucos de ternura. 

Ary dos Santos, como era conhecido no meio literário e social, nasceu em 07 de dezembro de 1937 oriundo duma família burguesa. Após uma primeira publicação aos catorze anos,  é em 1954 que se revelam as suas qualidades poéticas vendo os seus temas integrarem a Antologia do Prémio Almeida Garrett.
Passando aa viver sozinho, é forçado a exercer múltiplas atividades para seu sustento, tais como.a venda de máquinas para pastilhas elásticas até material de publicidade. Foi em 1963, com a publicação do livro de poemas “A Liturgia do Sangue” que que se projeta com poeta de referência. Tornou-se particularmente conhecido ao ver os seus poemas “Desfolhada” e ” Tourada” vencerem Festivais da Canção da RTP.
Inicia-se em 1969 na atividade política com a filiação no PCP, participando de forma ativa nas sessões de poesia do então intitulado “canto livre perseguido”. À data da sua morte em 18 de janeiro de 1984 tinha em preparação dois livros: As Palavras das Cantigas e Estrada da Luz – Rua da Saudade.

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