Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou…
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
– Sei que não vou por aí!
José Régio, pseudónimo de José María dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde a 17 de setembro de 1901 e faleceu na mesma cidade em 22 de dezembro de 1969. Editor e diretor da revista Presença, foi ainda desenhador e pintor com profundo conhecimentos de arte sacra e popular.
Ainda jovem publicou os seus primeiros poemas nos jornais vilacondenses A República e O Democrático, dirigidos por seu tio e padrinho António Maria Pereira Júnior. Em 1925 licenciou-se em Coimbra em Filologia Românica, passando a lecionar Português e Francês num liceu do Porto até 1928. Em 1929 ensinou grande parte da sua vida no então Liceu Nacional de Portalegre (atual Escola Secundária Mouzinho da Silveira) de 1929 a 1962, ano em que se aposentou do serviço docente. Manteve-se em Portalegre até 1966, quando regressou definitivamente a Vila do Conde.
Fundador com Branquinho da Fonseca e João Gaspar Simões da revista Presença que foi publicada durante 13 anos duma forma irregular. Esta revista veio a marcar o segundo modernismo poortuguês, que teve como principal impulsionador e ideólogo José Régio.
Como escritor, José Régio é considerado um dos grandes criadores da moderna literatura portuguesa. Refletiu em toda a sua obra problemas relativos ao conflito entre o Homem e Deus, o artista e a sociedade, o Eu e os outros. Construiu a sua poderosa arte poética e ficcional num tom misticista e num intimismo psicologista com que analisava a problemática das relações humanas e da solidão do indivíduo.