Manuel

Mário Sá Carneiro

Fim

Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.

Nasceu a 19 de maio de 1890, na Rua da Conceição, 92, 3.º andar, na Baixa de Lisboa. Filho e neto duma família de militares abastada, ficou entregue ao cuidado dos avós, indo viver para a Quinta da Vitória, na freguesia de Camarate, às portas de Lisboa, aí passando grande parte da infância.

Começa a escrever poesia aos 12 anos, sendo que aos 15 já traduzia Victor Hugo e com 16 Goethe  e Schiller. No liceu teve ainda algumas experiências episódicas como ator.

Segue para Paris em 1912 a fim de prosseguir os estudos superiores na Sorbone, que breve abandonou.
Passou a dedicar-se a uma vida boémia, deambulando pelos cafés e salas de espectáculo, chegando a passar fome e debatendo-se com os seus desesperos, situação que culminou na ligação emocional a uma prostituta a fim de combater as suas frustrações e desesperos. 
Com Fernando Pessoa, de que era grande amigo, e ainda Almada Negreiros, integrou o primeiro grupo modernista português (o qual, influenciado pelo cosmopolitismo e pelas vanguardas culturais europeias, pretendia escandalizar a sociedade burguesa e urbana da época), sendo responsável pela edição da revista literária Orpheu, editada por António Ferro (e que por isso mesmo ficou sendo conhecido como a Geração d’Orpheu ou Grupo d’Orpheu),
Fernando Pessoa apelidou-o de “génio não só da arte como da inovação dela”.

Suicidou-se aos 25 anos em abril de 1916 no Hotel de Nice, no bairro de Montmartre. 

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